Nos momentos de
ansiedade e nervosismo, muitas pessoas recorrem a uma combinação perigosíssima
em relação à comida: a busca por alimentos não saudáveis e em excesso. O comer
compulsivo consiste na ingestão exagerada de alimentos, mesmo quando não são
necessários. Essa compulsão vem, geralmente, acompanhada de uma sensação de
falta de controle sobre seus hábitos alimentares, além de sentimentos de culpa
e vergonha. Quase todas as pessoas com esse transtorno são obesas e
apresentam história de variação de peso. Além disso, são propensas a vários
problemas médicos graves associados à obesidade, como o aumento do colesterol,
hipertensão arterial e diabetes. Além desses problemas, a fome emocional afeta
a autoconfiança e a auto-estima, pois ela se torna um ciclo vicioso. Quanto
maiores as dificuldades na vida, mais a pessoa usa a comida como ponto de fuga
e, a partir disso, as dificuldades aumentam. Assim, trilha-se um caminho muito
perigoso e, às vezes, sem volta.
Quando o mal é uma
doença
É como se fosse uma droga. Um vício em forma de bolos, doces, massas,
frituras, biscoitos. A comida é uma inimiga e a cozinha, o caminho mais curto
para se chegar ao fundo do poço. O mal pode ser uma doença, e tem nome:
transtorno de compulsão alimentar. O transtorno do comer compulsivo é
encontrado em cerca de 2% da população em geral. Embora a maioria seja de
mulheres entre 20 e 30 anos de idade, a doença também faz outras vítimas:
homens e mulheres, jovens ou não. Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que
procuram tratamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de
transtorno do comer compulsivo. O primeiro sinal do distúrbio, na maior parte
das vezes, é visível no corpo. A silhueta fica cada vez mais redonda e a
balança acusa um ganho de peso contínuo. Na verdade, os estudos sobre o
transtorno de compulsão alimentar periódica são recentes. Os primeiros datam de
1994. Desde então, pesquisadores já descobriram, por exemplo, que os assaltos à
geladeira ocorrem a partir do fim da tarde e seguem noite adentro.Uma das
hipóteses para a preferência de horário é que o compulsivo tem mais privacidade
em casa do que em outros locais, como o trabalho. Longe dos olhares dos colegas
e de amigos, não passa vergonha por causa do exagero.
Muitas pessoas
relatam que a raiva, a tristeza, o tédio, a ansiedade e outros sentimentos
negativos podem desencadear os episódios de comilança
O traço mais
marcante dos comedores compulsivos é a ansiedade e a tendência à depressão. São
pessoas com sentimento de culpa, remorso, vergonha e solidão. A comilança
descontrolada é causada, na maior parte dos casos, por distúrbios emocionais, e
não adianta recorrer a regimes radicais. O período de abstinência dura pouco, e
um alimento tentador ou uma situação que mexa com as emoções pode desencadear a
compulsão novamente. Desconhecer o que acontece é derrota quase certa na
balança. Como não emagrece, cresce a ansiedade, que leva a novos ataques de
comilança. As invasões às escondidas aos armários da cozinha nunca são em busca
de vegetais. São sempre por alimentos ricos em carboidratos, como doces,
massas, ou gorduras, como chocolates. Uma das hipóteses é que a ingestão desses
alimentos possa, eventualmente, reduzir a ansiedade e a depressão,
proporcionando um conforto momentâneo.
Tem saída?
A obesidade associada ao transtorno de compulsão alimentar
periódica tem solução: um tratamento com uma abordagem multidisciplinar
que pode incluir psiquiatra, endocrinologista, nutricionista
e psicólogo. O objetivo do tratamento é o controle dos episódios de comer
compulsivo através de técnicas cognitivo-comportamentais e de um acompanhamento
nutricional para restabelecer um hábito alimentar mais saudável. A psicoterapia
dinâmica ou a interpessoal podem ajudar o paciente a lidar com questões
emocionais subjacentes. O acompanhamento clínico faz-se necessário pelos riscos
clínicos da obesidade. As medicações antidepressivas têm se mostrado eficazes
para diminuir os episódios de compulsão alimentar e os sintomas depressivos.
É esse mesmo o seu
caso?
Antes de tudo, pare e pense. Analise sua vida e veja se é realmente esse
o seu caso. Se você já tentou todas as dietas e nada deu resultado,
procure um médico de confiança e converse com ele sobre essa doença. Como
você viu, existe saída para os casos extremos de compulsão alimentar.
“Posso encontrar a
saída por conta própria?”
Sim, claro que pode. Força de vontade é algo que se conquista e se
desenvolve dentro da gente. Então, se você está disposto a tentar sozinho,
vamos a algumas dicas valiosas para te ajudar.
É importante não permitir que a ansiedade interfira na sua alimentação. Procure
se alimentar em lugares calmos, sentado, sem distrações como a televisão ou
livros. Nesses momentos, é necessário analisar o quanto a alimentação
poderá resolver os seus problemas. Não “pule” nenhuma refeição proposta. A
alimentação deve ser fracionada durante o dia, garantindo maior saciedade e
possibilitando melhor controle metabólico e nutricional. Para tudo o que nos
propomos a fazer é necessária a disciplina, para que dê resultados positivos.
Isso é com um trabalho, nos estudos, nas relações pessoais. Com a alimentação é
a mesma coisa. Sem disciplina e sem a consciência de que a alimentação correta
trará bons resultados para a sua aparência e para a sua saúde, dificilmente consegue-se
atingir o objetivo proposto. A boa notícia: você tem o poder de controlar
o que ingere. Se nada der certo, mais uma vez: busque ajuda dos profissionais
nas áreas indicadas acima. Alegre-se: há solução!
Comida: um estepe emocional perigoso
por Dr. Guilherme de
Azevedo Ribeiro
Comer é bom demais. Eu gosto,
você gosta, todo mundo gosta. O problema é quando esse prazer – momentâneo,
diga-se logo – traz junto uma conseqüência desastrosa: engordar. E quando é que
comer engorda? Quando você come em excesso. E por que comemos em excesso? Na
grande maioria das vezes, por gula. E a gula, por sua vez, está ligada
diretamente a fatores emocionais. Se você já navegou pelo site, provavelmente
leu, na seção “Dicas”, sobre a importância dos aspectos emocionais. Pois eles
podem ser um grande vilão – ou um grande aliado – da sua dieta. Aqui, vamos
falar sobre o lado mau.
Primeiramente, vamos entender o
que é gula. A gula é quase uma compulsão por comida. Em poucas
palavras: é comer sem que seu corpo necessite de alimento naquele momento. Tem
gente que acha que ser guloso é, por exemplo, comer três brigadeiros na
hora do lanche. Então, vamos analisar: se você está com muita, muita fome na hora
do lanche, comeu os três brigadeiros e se sentiu satisfeito, isso não é gula.
Se você comeu os três brigadeiros e ainda sentiu fome, é porque seu corpo ainda
está com déficit de comida e precisa ser alimentado. Se você comeu dois
brigadeiros, ficou satisfeito mas ficou de “olho grande” em cima do
terceiro e acabou comendo, isso sim, é gula.
Para emagrecer e se
manter magro, os gulosos precisam encarar o fato de que são viciados.
A luta que os gulosos travarão
será igual à de qualquer outro viciado e incluirá até crises de abstinência.
Sempre conto a historia de um cliente que emagreceu, engordou, emagreceu,
engordou. Um dia, finalmente, confessou-me que iria desistir, porque
simplesmente não conseguia abandonar o vício de se empanturrar de salgadinhos.
Tenho certeza de que, se ele tivesse procurado ajuda de um terapeuta, seu problema
poderia te sido resolvido. Mas ainda bem que também existe o outro lado:
conseguir sair dessa. Tive uma paciente que, ao entrar pela primeira vez em meu
consultório, confessou-me a sua dependência em refrigerantes. Acordava durante
a noite para beber vários copos. Após alguns meses e muitos quilos perdidos,
ela me relatou seu esforço para se adaptar ao paladar do refrigerante light.
Mas conseguiu. E o mais interessante: parou de se levantar durante a madrugada
para satisfazer a gula. Esse último relato é a prova cabal de que o
refrigerante que bebia na madrugada nada mais era do que uma compulsão por algo
do qual ela conseguiu se desfazer.
Por que usamos a comida como
válvula de escape
Quem come
demais estabelece com os alimentos vínculos físicos e emocionais. Não duvide: a
grande, imensa maioria dos gordos são pessoas ansiosas, que comem à procura de
um alívio temporário de suas tensões. E o problema maior é justamente esse: ser
temporário. Porque depois, quando termina o prazer, vem a culpa de ter comido o
que não devia –o gordo lembra que esse excesso vai resultar em mais quilos no
corpo.
A comida é serotoninérgica. Isso
quer dizer o seguinte: nela (e nos doces ainda mais) existe um grupo de
substâncias que imitam a ação das serotoninas, que são substâncias
fabricadas pelo nosso organismo e funcionam como “calmantes”, provocando uma
gostosa sensação de bem-estar. Quando, por qualquer que seja o motivo, você se
sente mais triste, mais estressado, mais agitado, mais deprimido (ou
seja: quando você se sente muito incomodado com alguma coisa) há uma diminuição
no nível de serotonina do seu corpo. Então, o que você faz? Vai buscar algo que
proporcione a você a mesma sensação da serotonina que está faltando. E onde
encontra? Isso mesmo: na comida. Após comer para se saciar em “falsas
serotoninas”, os problemas emocionais não mudaram. E você está mais gordo. E
mais feio. E mais frustrado. E essa frustração faz diminuir ainda mais a sua
serotonina natural, e então você vai buscar, mais uma vez, na comida. E o ciclo
vicioso não se rompe, e os quilos aumentam, e sua infelicidade também.
E você: qual é o seu motivo?
A
neurociência já descobriu no mínimo quatro sistemas de descontrole emocional,
sendo que os três primeiros relacionam-se intimamente à busca por comida. São
eles:
Sistema de
recompensa e busca
Sistema de raiva
Sistema de medo/ansiedade
Sistema de pânico
Qual é o seu? Pare e pense um
pouquinho. Em qual deles você se encaixa? Se você conseguir olhar para si
mesmo, para seu dia a dia, para sua vida, talvez você perceba que alguma coisa
incomoda e pode tentar consertar isso. Mas, se não conseguir decifrar o motivo
de suas insatisfações, não importa. O
importante é que você precisa entender que esse comportamento deve mudar. E,
talvez mais importante do que tudo: você pode mudar!
Declare guerra!
Em
sua cabeça, você abriga um inimigo que o obriga a conviver com um hábito
destrutivo: o de comer em excesso. Ao contrariar esse vilão, seu
corpo e sua mente começam a conspirar contra você. A “memória” do corpo luta
para reaver os quilos extras com os quais ele já estava acostumado e você
começa a ficar irritado, enjoado, de mau humor etc. A dependência emocional
“cria” situações que o empurram de volta ao aditivo químico que você mesmo
tirou de sua vida: a comida. Não se
desespere nem desista. Existem muitos recursos para você se
libertar do vício que lhe prejudica a saúde e a estética.
Mas, como qualquer dieta, ela
exige uma cota de sacrifícios. Emagrecer e continuar magro significa mudar
completamente de vida. Todos os que conseguiram se livrar do peso extra
descobriram que não há descanso na luta contra a balança. Quem emagreceu e se
conserva magro identificou por que embrulhava a comida para presente e a
empurrava goela abaixo. Raiva? Compensação de perdas? Ansiedade? Sejam quais
forem os seus motivos, diga NÃO a eles. E lembre-se do que a RA Correta ensina: você pode comer aquilo que lhe dá prazer, basta não
exagerar. Então, tá triste? Ok, coma um pedacinho de chocolate para suavizar a
tristeza. Mas não esqueça de considerar o valor dele no seu cálculo diário de
notas. Mantenha-se dentro da sua cota.
Preste muita atenção: isso é para
você
Se você
costuma usar a comida como válvula de escape, somente uma dieta livre em termos
de variedade de alimentos irá funcionar para você. Dietas restritivas facilita o retorno de peso quando a pessoa chega no seu objetivo.
Meu querido diário
Fazer um diário sobre o andamento de sua dieta é uma ferramenta poderosa na
luta contra os quilos a mais. Anotar o que você comeu, especificando a
quantidade e calculando o valor total ingerido (sem omitir nada!) pode ser de
grande ajuda para você entender melhor seus hábitos alimentares. Isso porque
esses registros ajudam você a se orientar, apontando seus erros e acertos ao
longo da dieta. Registre também as mudanças de peso: cada quilo perdido serve
de estímulo para você continuar, porque está no caminho certo. E, se estiver
tendo dificuldade para perder peso, certamente as anotações sobre o que e o
quanto você vem comendo servirão como indicadores do que pode estar
errado! Mas siga uma das regras de ouro : registre o
peso uma vez na semana, somente. E faça também anotações
pessoais sobre seu dia a dia, sua atividade física, seus sentimentos:
como você está encarando a dieta, o que está sendo mais fácil, mais
difícil, o que está dando certo ou errado. Pode parecer coisa de adolescente,
mas não é! Quer ver? Durante um projeto sobre dieta realizado pelo Instituto
Kaiser Permanente, nos Estados Unidos, os pesquisadores acompanharam a rotina
de 1700 gordinhos ao longo de cinco meses. Todos foram orientados a
seguir uma dieta com 500 calorias a menos do que o padrão e a fazer pelo menos
meia hora de ginástica por dia. E metade deles ganhou um diário para registrar
seu dia a dia, obrigatoriamente. No final, aqueles que não fizeram anotação
alguma sobre sua dieta perderam em média cerca de 4 quilos, enquanto que a
turma do diário perdeu em média 8 quilos. Ou seja: quem escreveu perdeu o dobro
de peso. A conclusão a que chegaram os pesquisadores: ao registrar diariamente
que o plano de emagrecimento foi seguido, a pessoa se sente muito mais motivada
a repetir a façanha no dia seguinte. E, mesmo quando se sai da dieta, a
pesquisa concluiu que escrever também ajuda muito, porque a
experiência de assumir a pisada na bola é importante para evitar novos
tropeços.
Muita gente, porém, desiste de fazer um diário por conta da falta de tempo para
ficar anotando e calculando a quantidade calórica a de cada alimento consumido
durante o dia.
Um abraço,
Sempre trazendo matérias interessantes...
ResponderExcluiradorei bjs
Eu tenho os três!!! Na hora que vou comer, sei exatamente se é fome ou não, se é raiva, se é ansiedade, se é angústia, etc. Mas eu sou cara de pau e como mesmo assim. =(
ResponderExcluirAmo vim aqui sempre!!
ResponderExcluircada dia uma informação novo!!!
adorei!!
beijos